Como provavelmente já saiba, o Espaço Talento Jovem é um projeto de cooperação transfronteiriça, no âmbito do programa europeu POCTEP, cujo objetivo é promover e apoiar iniciativas empresariais de jovens empreendedores em setores emergentes tanto na Beira Interior (Portugal) como em León (Espanha). Com vista a alcançar esse objetivo, desenvolvemos um conjunto de ferramentas que pretendem proporcionar os instrumentos e recursos necessários para desenvolver as suas ideias em setores estratégicos com garantias de sucesso.
Na nossa seção de Atividades poderá encontrar todas estas Ferramentas De Apoio Ao Empreendedorismo para consulta e aplicação segundo as suas necessidades. Neste artigo fazemos uma abordagem da quinta delas:
ESTUDO DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO NO SETOR DA BIOTECNOLOGIA
Este documento de consulta é composto por 22 páginas e encontra-se disponível desde 30 de Junho de 2018. O estudo pretende fazer uma caraterização das oportunidades de negócio no sector da indústria biotecnológica em Portugal, fazendo um retrato do sector em questão e dando conta, entre outros aspetos, da tipologia das empresas da área, das tendências principais e das oportunidades potenciais e expectativas existentes.
Na introdução é apresentada a definição do conceito de Biotecnologia, que é “a aplicação de ciência e tecnologia aos organismos vivos, bem como às suas partes, aos seus produtos e modelos, para alterar materiais vivos e não vivos para a produção de conhecimento, bens e serviços, constituindo um setor económico composto por empresas cujo foco de atividade se baseia em investigação e desenvolvimento tecnológico com vista às aplicações referidas.” A seguir é feita a distinção entre biotecnologia tradicional (utilização de organismos vivos para a obtenção de um bem ou serviço útil para o homem”) e moderna (“aplicação científica e tecnológica a organismos vivos, as suas partes, produtos e modelos destinados a modificar organismos vivos e/ou materiais aplicados à produção de conhecimentos, bens e serviços”).
O seguinte ponto da introdução trata das aplicações da biotecnologia, salientando a criação de novos produtos que se distinguem por terem funcionalidades inéditas, ou de novos processos que geram produtos iguais aos gerados por processos convencionais, mas com uma maior eficiência energética e ambiental, e frequentemente usando matérias-primas renováveis. Devido à diversidade das aplicações e à abordagem multidisciplinar que requerem, existem várias classificações do conceito de Biotecnologia. Segundo uma das mais comuns, desenvolvida no Congresso Europeu de Biotecnologia de 2005, em função do seu sector de aplicação e investigação, existiriam a Biotecnologia Vermelha (área das ciências da saúde), Verde (área agrícola, pecuária e florestal), Branca (área industrial e ambiental), Azul (área dos organismos aquáticos).
No segundo ponto do estudo é feita uma caraterização do sector biotecnológico em Portugal, evidenciando o facto de ser um sector em expansão essencial para o progresso económico e social, pois “cria emprego especializado, promove a formação avançada, facilita o investimento estrangeiro em áreas na vanguarda do conhecimento, e dá origem a produtos e serviços de altíssimo valor acrescentado.” As empresas do sector classificam-se em três grupos: Biotech firms (utilizam a biotecnologia para produzir bens e serviços, ou realizar I&D biotecnológica); Dedicated biotech firms (aplicam técnicas de biotecnologia para produzir bens e serviços, ou realizar I&D biotecnológica) e Biotech R&D firms (realizam biotecnologia de I&D). Em Portugal, segundo a sua área de atividade, encontramos que 70% das empresas biotecnológicas dedicam-se a aplicações e investigações relativas à área da saúde (Biotecnologia Vermelha), sendo a maioria delas Dedicated biotech firms; o 30% restante são Biotech firms, das quais 18% são dedicadas à Biotecnologia Branca, 10% à Verde e 2% à Azul.
Em relação à dimensão destas empresas, verifica-se que 75% são microempresas, 15% pequenas, 7% médias e 3% grandes empresas. A maioria delas (50%) encontram-se localizadas nas zonas de Porto, Lisboa e Coimbra. Entre os anos 2012 e 2015 tem-se registado um crescimento de 61,7% nos rendimentos totais da exploração destas empresas; relativamente ao número de empregos gerados por elas, no mesmo período de tempo verificou-se uma taxa de crescimento de 17%.
A secção seguinte desenvolve-se à volta das oportunidades de negócio do sector biotecnológico, sendo que as suas principais aplicações se enquadram na área da saúde e das ciências da vida, mas também tem um amplo campo de aplicação comercial por causa da multidisciplinariedade do sector, que por vez possibilita a interação entre diferentes domínios do conhecimento. Esta área requer conhecimentos muito específicos para uma constante investigação, com repercussão no crescimento da economia, pelo que exige um elevado nível de formação dos recursos humanos. As principais tendências ocorrem no sector da saúde, na indústria têxtil, no sector de alimentação e bebidas, no sector ambiental e no sector energético.
A continuação é exposta a análise da envolvente e diagnóstico, secção na que se relatam os pontos fortes, oportunidades, pontos fracos e ameaças relativos ao sector da biotecnologia em Portugal.
O seguinte ponto é dedicado às oportunidades existentes e expectativas do futuro de sector, como por exemplo o aumento da rede de empresas do sector biotecnológico e a promoção do aparecimento de médias e grandes empresas; o esforço dos sectores público e privado em investir em I&D; o crescente ritmo de criação (e mortalidade) das empresas do sector e o caráter fundamental do apoio ao empreendedorismo.
Finalmente são apresentadas as conclusões do estudo, entre as quais cabe destacar as seguintes:
- Necessidade de um enquadramento de atuação que assegure a sustentabilidade e incentive a inovação no sector da biotecnologia relacionada com a saúde.
- Reforço da implementação de incentivos e iniciativas ao empreendedorismo da biotecnologia nas universidades.
- Estimulação para a internacionalização das empresas de forma a amortizar as despesas do investimento em I&D.
- Eliminação de entraves burocráticos e impulso de medidas fiscais para favorecer o financiamento e o crescimento empresarial do sector.
- Melhora dos benefícios fiscais em investimentos de I&D.
